Por: Lucas Pitta Klein
Começou cedo. Passou pelos pés de Ávila até chegar a Tesourinha. Na linha de fundo, a bola foi cruzada para Valdomiro até parar lentamente na testa metálica de Fernandão e encontrar as redes. Falcão abraça Nilson. Logo mais, Carlitos recebe uma bola de Edinho e encobre o goleiro. Sóbis recebe de Larry e entorta dois marcadores para chutar no canto esquerdo da goleira esquerda do Morumbi, vencendo o maior goleiro brasileiro da história, Rogério Ceni. Um séquito de vozes pode ser ouvido pelo mundo. No segundo tempo, os portões abrem-se e a entrada é livre. Uma bandeira do tamanho de metade da Inferior toma conta do Beira-rio. Valdomiro recebe de Mahicon Librelato para dar o tri-campeonato brasileiro invicto ao Internacional.
Figueroa ergue aos céus a taça sagrada e toca os pés de Deus. Minutos mais tarde o estado pára para aplaudir os 4 gols de Larry nos históricos 6x2 de inauguração do Estádio Olímpico. Segundos depois Uh Fabiano! marca quatro e cala o Rio Grande. Depois de uma incessante pressão da torcida, Abel Braga tira Wellington Monteiro para a entrada de Nilson, que faria dois gols, o da vitória colorada no Gre-Nal do século. Chico Spina recebe de Oreco, entorta dois marcadores e de fora da área acerta um belo chute, para encravar um novo ramo no peito colorado. A Popular vibra com o tri-brasileiro.
Em Yokohama, Alexandre Pato foi substituído por Falcão. Bráulio, por Gabiru. Índio, com o nariz quebrado, por Lúcio. Edinho, por Abigail. Adriano Gabiru, o contestado, marca o gol mais importante dos então 96 anos. E numa falta inventada, uma galeria de craques foi para trás de Clemer rebater aquela cobrança com a força do pensamento. Rubens Minelli levanta as mãos e acena.
O fim do jogo é eminente.
Gentil Passos, roupeiro colorado, desliga o radinho e começa a rezar o Pai Nosso mais profundo e forte que havia feito em seus mais de 50 anos. A seleção de craques do Barcelona jamais seria capaz de vencer a seleção centenária do Internacional. A um oceano de distância, as lágrimas tocaram o chão e o que era terra virou barro. O que era continente, virou vermelho. Deitamos e rolamos, como donos de uma propriedade. Afinal, queríamos nossa camiseta suja de barro e de sangue, para deixar o vermelho mais forte. O mundo tinha um novo dono. Henrique Poppe Leão, beirando aos seus 120 anos, ajoelhado no gramado sagrado, cobre os olhos com as mãos e chora, como um recém nascido, não acreditando na maravilha que havia fundado.
O primeiro clube do RS a aceitar negros conquistava o topo do Everest. Alguns milésimos de segundo se passaram e Kléber cruza para Magrão bater o Boca Jrs em plena Bombonera. Alex, em um drible constrangedor, marca dois para afundar de vez o time argentino. Nilmar encosta na bola na pequena área e beija o escudo. Seguido por Álvaro e Guiñazu. Momentos depois, Andrezinho lança Giuliano em La Plata para estufar as redes e acabar com o atual campeão da América, Estudiantes. Giuliano levanta as mãos pro céu, agradece a Deus, ajoelha e chora.
D’alessandro cobra uma falta, e como mágica a bola desvia em Alecsandro para encontrar o fundo das redes. A euforia enlouquece o argentino. Damião rouba uma bola no meio-campo e parte em disparada. Ao encontrar o goleiro, chuta o mais forte que consegue. A bola fura a mão direita do mexicano e encontra as redes. As travas da chuteira de Leandro nos dariam, logo mais, a América pela segunda vez.
Claudiomiro abraça Ceará e Bolívar, que levantam as mãos pro céu e agradecem por serem colorados. Mauro Galvão pega a bola das mãos do juiz e sai correndo. Gamarra tira a camiseta e lança para a coréia. Vicente Rao levanta a camiseta como um troféu.
A camisa 12 tapa o gramado com uma nebulosa. O céu já não pode mais ser visto. O inferno é aqui.
Por fim, Rafael Sóbis da a volta no gramado do Beira-rio com a bandeira gigante, a bandeira que vê todas as tardes o Guaíba entardecer mais vermelho. Vermelho como uma nação que ali habita. Como o meu sangue sempre foi e sempre será. E que a força esteja com os vermelhos. Colorado eternamente.
Parabéns Inter pelos 102 anos de alegres emoções.
Começou cedo. Passou pelos pés de Ávila até chegar a Tesourinha. Na linha de fundo, a bola foi cruzada para Valdomiro até parar lentamente na testa metálica de Fernandão e encontrar as redes. Falcão abraça Nilson. Logo mais, Carlitos recebe uma bola de Edinho e encobre o goleiro. Sóbis recebe de Larry e entorta dois marcadores para chutar no canto esquerdo da goleira esquerda do Morumbi, vencendo o maior goleiro brasileiro da história, Rogério Ceni. Um séquito de vozes pode ser ouvido pelo mundo. No segundo tempo, os portões abrem-se e a entrada é livre. Uma bandeira do tamanho de metade da Inferior toma conta do Beira-rio. Valdomiro recebe de Mahicon Librelato para dar o tri-campeonato brasileiro invicto ao Internacional.
Figueroa ergue aos céus a taça sagrada e toca os pés de Deus. Minutos mais tarde o estado pára para aplaudir os 4 gols de Larry nos históricos 6x2 de inauguração do Estádio Olímpico. Segundos depois Uh Fabiano! marca quatro e cala o Rio Grande. Depois de uma incessante pressão da torcida, Abel Braga tira Wellington Monteiro para a entrada de Nilson, que faria dois gols, o da vitória colorada no Gre-Nal do século. Chico Spina recebe de Oreco, entorta dois marcadores e de fora da área acerta um belo chute, para encravar um novo ramo no peito colorado. A Popular vibra com o tri-brasileiro.
Em Yokohama, Alexandre Pato foi substituído por Falcão. Bráulio, por Gabiru. Índio, com o nariz quebrado, por Lúcio. Edinho, por Abigail. Adriano Gabiru, o contestado, marca o gol mais importante dos então 96 anos. E numa falta inventada, uma galeria de craques foi para trás de Clemer rebater aquela cobrança com a força do pensamento. Rubens Minelli levanta as mãos e acena.
O fim do jogo é eminente.
Gentil Passos, roupeiro colorado, desliga o radinho e começa a rezar o Pai Nosso mais profundo e forte que havia feito em seus mais de 50 anos. A seleção de craques do Barcelona jamais seria capaz de vencer a seleção centenária do Internacional. A um oceano de distância, as lágrimas tocaram o chão e o que era terra virou barro. O que era continente, virou vermelho. Deitamos e rolamos, como donos de uma propriedade. Afinal, queríamos nossa camiseta suja de barro e de sangue, para deixar o vermelho mais forte. O mundo tinha um novo dono. Henrique Poppe Leão, beirando aos seus 120 anos, ajoelhado no gramado sagrado, cobre os olhos com as mãos e chora, como um recém nascido, não acreditando na maravilha que havia fundado.
O primeiro clube do RS a aceitar negros conquistava o topo do Everest. Alguns milésimos de segundo se passaram e Kléber cruza para Magrão bater o Boca Jrs em plena Bombonera. Alex, em um drible constrangedor, marca dois para afundar de vez o time argentino. Nilmar encosta na bola na pequena área e beija o escudo. Seguido por Álvaro e Guiñazu. Momentos depois, Andrezinho lança Giuliano em La Plata para estufar as redes e acabar com o atual campeão da América, Estudiantes. Giuliano levanta as mãos pro céu, agradece a Deus, ajoelha e chora.
D’alessandro cobra uma falta, e como mágica a bola desvia em Alecsandro para encontrar o fundo das redes. A euforia enlouquece o argentino. Damião rouba uma bola no meio-campo e parte em disparada. Ao encontrar o goleiro, chuta o mais forte que consegue. A bola fura a mão direita do mexicano e encontra as redes. As travas da chuteira de Leandro nos dariam, logo mais, a América pela segunda vez.
Claudiomiro abraça Ceará e Bolívar, que levantam as mãos pro céu e agradecem por serem colorados. Mauro Galvão pega a bola das mãos do juiz e sai correndo. Gamarra tira a camiseta e lança para a coréia. Vicente Rao levanta a camiseta como um troféu.
A camisa 12 tapa o gramado com uma nebulosa. O céu já não pode mais ser visto. O inferno é aqui.
Por fim, Rafael Sóbis da a volta no gramado do Beira-rio com a bandeira gigante, a bandeira que vê todas as tardes o Guaíba entardecer mais vermelho. Vermelho como uma nação que ali habita. Como o meu sangue sempre foi e sempre será. E que a força esteja com os vermelhos. Colorado eternamente.
Parabéns Inter pelos 102 anos de alegres emoções.