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Amores de Verdade

Por: Luciano Bonfoco Patussi
Supremacia Colorada


Não arriscarei uma tentativa de explicar o inexplicável, medir o imensurável e, tampouco, tocar o intangível. O Inter perdeu. Estou zonzo. A ficha ainda não caiu, pois acostumamo-nos a ganhar demais. E dizer isso não é arrogância. A seguir vocês entenderão. Já disse certa vez o jovem e talentoso escritor colorado Pitta, mais ou menos assim: “não torço pelo Inter devido as suas vitórias, nem mesmo por seus títulos. Um colorado opta pelo vermelho pela essência da camisa e pela história que representa o time da beira do rio”. É isso que me fez ser colorado. Não só eu. Todos nós!

Ser colorado é a maior dádiva que poderia ser proporcionada a qualquer torcedor, de qualquer continente, nos últimos tempos. O Inter decide títulos. Não ganha todos. Mas decide. Quem decide, tem chances reais de título. Qual torcedor não gostaria de fazer parte desta história? Pois bem, em determinadas vezes, é preciso algum tombo nos mostrar que somos mortais. E como é bom ser mortal! Todos já devem ter ouvido a célebre frase que diz: “quanto maior o coqueiro, maior é o tombo”. Pois é. Hoje, após derrota colorada para o congolês Mazembe, rivais se contorceram na tumba, fogos explodiram nos céus e cornetas foram ouvidas em todo o canto do mundo. É, povo colorado, o Inter é gigante! Seu escorregão causa orgias liberadas pelo mundo afora.

Entretanto, precisamos reconhecer: torcemos por um clube de raízes populares e humildes. Realmente, pelo que se viu dentro do gramado, o Inter não mereceu vencer. O time colorado foi ao mundial, carregado nos ombros de milhões de almas vermelhas, mas deixou a desejar. Preparação insuficiente? Planejamento equivocado? Tensão eleitoral? Insuficiência técnica? Isso não importa. Não mais interessa!

O que importa é que em 2010 o Internacional foi eliminado pelo Mazembe, da República Democrática do Congo, na fase semifinal do Mundial de Clubes. Isso será lembrado para sempre, tal qual aquela rasteira que o colorado levou do Juventude, em 1999. Parecida com aquela tragédia ocorrida contra o Olímpia, em 1989. Você foi “menos colorado” por tudo aquilo que aconteceu em determinado momento da história? Eu não fui. Você, tenho certeza, também não foi. Seu coloradismo foi reabastecido naqueles momentos!

Torcedor colorado, raciocine comigo: qual o clube que cresceu apenas com vitórias? Não foi o Inter. O Inter, que nasceu popular e humilde, tem de reaprender a lidar com a derrota. Não que ela deva ser costumeira, muito pelo contrário. Mas uma eventual derrocada servirá para que o Inter alcance novos horizontes, sem jamais esquecer sua história, sem sequer ousar apagar determinada decepção coletiva que possa ter ocorrido em determinado momento da nossa existência. Isso se justifica, até porque amores de verdade, vez ou outra, decepcionam. Mas se fortalecem. Já a palavra fiasco, esta tem outras cores, outra filosofia e outra história.