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Para onde olhamos

Por: Lucas Pitta Klein

O ser humano é uma incrível máquina de sentimentos. É desregulado e instintivo por natureza. Competente e decisivo por opção.

Uma oportunidade na frente do nariz: Os olhos do coração jamais enxergarão. O minuano costuma derrubar quem não se segura em suas próprias convicções. Tropeçam aqueles que trocam as botas e esporas pelo salto alto. Nenhuma palavra tem valor sem teu ato.

Os dias de verão jamais serão quentes sem o teu agito. O som não pode ser rompido sem a tua voz.

Palavras mal ditas serão sempre lembradas. Felizmente, o legado humano é sensacionalista e irracional.

Travestido de alienígena, D'alessandro, com 3 toques na bola deu a vitória ao internacional. Os pés do gringo sorriram, e todos nós aceitamos a sugestão. O brilho da luz interceptou o lance quando joão paulo driblou as adversidades, fintou o banco de reservas e chamou a responsabilidade, se firmou uma nova essência no meio de campo.

Os raios de luz podem ser percebidos mesmo da sombra, e nada pode tapar o sol - nem tuas pálpebras. Abrir os olhos não basta, é preciso olhar para a frente.

Palavras de Pedro Ernesto Denardin, na Rádio Gaúcha, após o gol de penalty do Avaí, no segundo tempo, deixando o clube catarinense a frente no placar: "Uma virada pode deixar o beira-rio pequeno domingo que vem, ein!". Em 10 minutos o inter havia feito 3 gols e consolidado a vitória. Não a vitória por 4x2 no placar. A vitória da garra sobre a preguiça, da humildade sobre a soberba, da justiça sobre as adversidades.

Inter e Corinthians são palavras antônimas. Um é averso ao outro, e tudo o que um é, o outro prontifica-se a ser o contrário. A história do encontro entre os dois clubes é rica e curiosa. Valdomiro numa cobrança lúdica e fantasiosa deu o bi-campeonato brasileiro ao inter em cima do corinthians.

Em 2005, Tevez (comprado por dinheiro sem origem), Edilson de Souza e a Justiça desportiva dão o título brasileiro para o corinthians. A estrela foi ofuscada pela ganancia e o vermelho tornou-se sangue. D'alessandro já desclassificou o time paulista em uma cobrança de falta na libertadores de 2003. Alex Raphael Meschini já desclassificou o corinthians de um campeonato brasileiro. Mas o passado não existe para quem quer ser campeão.

Abaixo do placar, vê-se duas cores e três vozes. Os ouvidos ainda não encontraram forma de separar o som que vem de várias instâncias. Enquanto o teu EGO ridículo for colocado acima da instituição inter, tu perdes o próprio direito de torcer e reclamar de algo. Tu te reclusas inconscientemente disso.

Torcida organizada é aquela que não se organiza. trabalha quarenta horas por semana, e ainda assim encontra tempo para ficar conectado ao clube. É aquele que paga todo o mês o dízimo sagrado. Que vai apoiar mesmo sem voz e sem energia. É todo aquele torcedor sem nome, aquele "mais um" que compõe os milhares de cada partida, e que sem ele, nada faria sentido.

Torcedor é aquele que enxerga o clube como um motivo para sorrir, e não para lucrar. O amor, a essência foi suprimida, em seu lugar, comércio de produtos não oficiais de uma nova instituição dentro da grande e única instituição desfocam o verdadeiro intuito do futebol: a união, a formação de um grupo. Um grupo que se veste igual, pensa igual e fala igual. Como o objetivo será alcançado se nem todos olham para o mesmo lado? E para onde olhamos? Como pode ser ouvido o ideal da torcida se há várias grandes vozes simultaneas?

Existe algo mais IMBECIL do que ir ao beira-rio e (não) ver o jogo de costas?

No próximo domingo, se verá mais do que um jogo: uma guerra. Se o inter vencer e os da ponta perderem, o inter fica a 4 pontos da liderança. Não haverá guerra maior já vista por um campeonato brasileiro nas 7 rodadas finais. Jogo a jogo: uma final.

O grito de gol vai ser o teu maior horizonte, e nem a chuva vai te correr das arquibancadas.

Se tu não nascestes para acreditar, por que arriscou ser colorado?

O líder do campeonato visitou o beira-rio no domingo passado e sofreu 3x0. Por que o novo líder não pode também?

Fonte: Blog da ColoradANA