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Renascimento

Nosso próximo capitão. | Foto: Ricardo Duarte
Vocês vão concordar que 84 dias sem vencer no campeonato brasileiro nos colocou em uma posição que sabemos bem que não nos pertence. Fomos expostos, durante 14 rodadas, ao desânimo, à descrença e à decepção - tudo isso porque não conquistávamos 3 míseros pontos e não subíamos na tabela. Foram incontáveis empates até a noite desta quinta, onde o Inter ressurgiu ao lado de sua torcida e provou porque não vai cair para a série B.

Logo no início, o jogo já espelhava dificuldades. Paulão se machucou e saiu de campo para a entrada de Eduardo, forçando Roth a queimar uma alteração aos 20'' de partida. O Inter passou boa parte do jogo pressionando o Santos em seu campo de defesa, dificultando a saída de bola dos paulistas e forçando-os a errar. Seijas, Nico e Aylon jogaram à frente da intermediária em marcação adiantada.

Aos 26', Geferson foi infeliz e entregou para os santistas o gol que abriu o placar no Beira-Rio. Mas não havia tempo para crucificá-lo, afinal, o foco era a vitória. A torcida, conduzida pelas lembranças da eliminação na Libertadores de 2015, vaiou, mas não por muito tempo. O apoio era fundamental para buscar a virada e os aplausos vieram poucos minutos depois.

Se deixando levar pelo nervosismo que uma iminente derrota causaria, o Inter se desorganizou e não conseguia mais sair com a bola além de seu campo de defesa. Mas aos 42', lá estava Geferson, dando o passe perfeito para Seijas chutar de fora da área e marcar o gol que inverteria o estado de espírito do time. 

Com uma arbitragem rígida, porém controversa, o Inter dominou o segundo tempo sem dificuldades e Roth surpreendeu a todos ao decidir não recuar o time após o segundo gol do Inter, aos 15', marcado pelo garoto Aylon. A cada tentativa dos paulistas em infiltrar na defesa colorada, o Inter acionava seu ataque e levava perigo ao gol do Santos. O total de finalizações diz por sí só: 18 a 5.

E a apreensão tomou conta dos minutos finais no Beira-Rio. "Minha camisa vermelha" foi ouvida das arquibancadas, assim como o roer das unhas, o ranger dos dentes e a aflição das mãos entrelaçadas pedindo encarecidamente para a partida fosse encerrada. 

Futebol é mesmo uma questão de estado de espírito constante. Enquanto o grupo se desestabilizava a cada derrota, a vitória ia se distanciando. O torcedor, cada vez mais impaciente, passou a entender durante esse longo jejum que suas ações refletiam em campo. O primeiro passo foi colocar para fora suas frustrações, o segundo passo foi cobrar mudanças e o terceiro, e não menos importante, apoiar incondicionalmente. A vitória do Inter contra o Santos passou pelo apoio interminável do torcedor colorado, que mesmo com os resultados ruins, esteve presente.

O Inter renasce perante sua torcida, conquista três pontos e segue na luta contra o rebaixamento. Afinal de contas, o que não nos pertence não nos deve ser dado, nem que tentem nos colocar onde sabemos que não deveríamos estar.