Uma vontade que surpreendeu. | Foto: Alexandre Lops |
Estádio cheio contagia e essa foi a injeção de ânimo que o Inter recebeu na noite desta quinta-feira. O time conciliou movimentação, ofensividade e objetividade em campo, venceu e levou a torcida ao delírio. Gritei gol como há muito não fazia, senti a garganta doer de tanto comemorar. É disso que estávamos precisando, afinal, estamos jogando uma legítima Libertadores da América.
O jogo começou com um esboço de contra ataques rápidos, jogadas inteligentes e a movimentação de toda a equipe inclinada a vencer, com pressão na saída de bola dos chilenos e desarmes precisos. Vitinho concedeu ao Inter a forma de se jogar com velocidade a fim de surpreender o adversário.
Nosso jogo se concentrou pelo lado direito, em triangulações de Vitinho, Aránguiz e D'alessandro. Léo também foi participativo, embora o nervosismo o fizesse errar com demasia, mas o lateral conseguiu se redimir um pouco das últimas atuações. Com 15 minutos de bola rolando, o colorado já esbanjava muitas chances de gol. A marcação por zona adiantada nos rendeu o controle do jogo, com dois jogadores colorados desarmando um único adversário. Foi domínio inquestionável.
Não havia o desespero que acostumei a acompanhar. A bola corria de pé em pé, sem aqueles chutões que arrancam de mim palavras impublicáveis. Faltava apenas capricho no último passe. A defesa se manteve sólida até determinado momento em que a La U descobriu as costas de Fabrício para focar seu jogo.
O primeiro gol veio com o pênalti perfeitamente cobrado por D'alessandro, que com sua atuação calou muitos críticos, inclusive muitos colorados que morderam a língua durante a comemoração. Vibrei com muita alegria e senti de novo a felicidade pelo futebol, há tempos esquecida.
A volta para o segundo tempo já apontou as imperfeições habituais. Nilton mostrou que visão de jogo e pensamento rápido não fazem parte de suas características, mas esteve bem defensivamente. Alex já estava sendo requisitado, entrou e mostrou porque é tão aclamado pela torcida - sua jogada vertical faz a diferença. Jorge Henrique, que até então tinha se movimentado muito na primeira etapa, decretou os 2x0.
Mas se tratando de um time ainda em reconstrução, uma falha de marcação não faltaria. O relaxamento por obter uma vantagem é história antiga no clube. Mas a doença do time, mais conhecida como Fabrício, abriu todos os espaços para o adversário encontrar seu gol. O Inter inicialmente recuou após o revés, mas se recompôs com o futebol de Aránguiz. E Sasha pôde brilhar.
Aguirre fez o time, enfim, evoluir. Sim, há muito o que ser feito, mas é visível a melhora individual e coletiva que eu tanto esperei. É um crescimento ao longo da competição que vai acontecendo jogo a jogo, na mudança de peças de acordo com o rendimento dos jogadores. É um trabalho e tanto que vai aparentando resultados.
Foi a atuação que o novo Beira-Rio esperava assistir - de mandante, que impõe seu jogo e se torna o dono da festa, do início ao fim. A torcida colorada proporcionou um espetáculo nas arquibancadas e o time respondeu. Batam palmas, meus amigos, o maestro conduziu e a plateia em alvoroço respondeu: seremos campeões!