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Um treinador insuficiente

Não passa confiança.
“Um treinador de frases fortes, objetivo, sem meias palavras. Assim se mostrou Argel, o novo técnico do Inter na apresentação no centro de imprensa do Beira-Rio. E dentro destas características, a promessa de que o time irá mudar. Segundo Argel, o brio, a virilidade, a vontade de vencer voltará ao Beira-Rio.”
– Zero Hora, 14 de agosto de 2015. 


Entre uma frase e outra de nosso atual treinador tenho uma ligeira vontade de cometer suicídio. As “frases fortes”, das quais nunca ouvi, se transformaram em desconexas. O objetivo? Sempre acreditei que era conquistar estadual e cumprir tabela o resto do ano – fatos comprovam que estou no caminho certo. Promessas? Bem, foram feitas para nunca serem cumpridas. 

O time não mudou, o brio não voltou e a vontade de vencer anda cada vez mais ausente. No Beira-Rio o que se vê é um time apático, sem personalidade e extremamente desorganizado. Em sete meses de trabalho, Argel não conseguiu fazer do Inter um time competitivo, bem estruturado e temido. Muito pelo contrário. 

Nas entrevistas se compara a Aguirre como se o objetivo do uruguaio em 2015 fosse vencer estadual e não uma Libertadores. Apequena o Inter em dados ainda menores, dizendo que o time tinha 6 pontos a essa altura do estadual no ano passado e têm 8 este ano. E chama isso de “progresso”. Dá vergonha. 

O Inter de Aguirre, diferentemente do que muitos pensam, era um time disciplinado taticamente, que jogava com setores próximos e fazia marcação por zona. Por esses motivos chegou à semifinal da Libertadores. Alguns acham que foi pouco, mas vale salientar que o time estava em formação e Aguirre foi o único treinador a dar personalidade à equipe e fazê-la jogar bem de verdade. 

O Inter de Argel empata com Aimoré e desanima o torcedor ao invés de fazê-lo vibrar. O Inter de Argel se perde em meio a tantos talentos jovens que não são aproveitados de verdade pela falta de inteligência do treinador. O Inter de Argel é aquele que a gente nunca vai ver fazendo uma jogada trabalhada sequer. É um Inter carregado pelo talento de um ou outro jogador. Não somos um time, não trabalhamos em campo como um.

Um treinador que não liga muito se o time vencer mesmo jogando mal não é um bom treinador. Até então porque não adianta vencer as equipes do Rio Grande do Sul e achar que isso é suficiente para o Brasileirão. A falta de planejamento da direção e a forma como Argel comanda o Internacional me desanimam completamente. E sim, existem muitos colorados que defendem o trabalho do treinador e acreditam que temos uma defesa de confiança. Não vejo os mesmos jogos que vocês. 

Para este ano não tenho ânimo ou esperanças. Estão claras as intenções da direção com seu voto de confiança a este treinador. Quem acompanha o Guria das Gerais, sabe que não fui a favor da demissão de Aguirre e da contratação de Argel. E com razão. 

Assim como o Inter, este ano vou “cumprir tabela” assistindo aos desastres previsíveis. E sem muito me abalar. Foram anos e anos esperando o colorado voltar a ser o “rolo compressor” para colocar essa esperança em um treinador tão insuficiente quanto Argel.