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Carta à D'alessandro

Igual a você? Jamais.
Hoje o Rio Grande acordou mais triste. O sol nem chegou a brilhar muito. Aqui em Minas, o sentimento foi o mesmo para mim. Foi uma manhã conturbada. Quem veste vermelho só conseguiu acreditar quando você, enfim, disse que era verdade – aos prantos. E aos prantos estou escrevendo essas palavras com um aperto no coração que só em sete anos e meio de conversa a gente poderia explicar.

Aos poucos, seu jeito marrento - daqueles que não levam desaforo para casa – foi ganhando nosso coração. Sua dedicação diária, defesa do clube perante a mídia e personalidade forte foram construindo sua imagem de ídolo. Virou um referencial para os torcedores e para o time. Bola nenhuma chegava ao gol sem passar pelos seus pés e seu encantador “La Boba”.

Virou homem grenal - passou a ser o nosso sonho e o pesadelo dos gremistas. Vibrou com cada gol como se fosse um título, vibrou com cada título como uma conquista de vida. Chorou de emoção infinitas vezes, abraçou o torcedor colorado e beijou o escudo do Inter como um filho. Devoção, entrega e vontade – falar de você sem admirá-lo é impossível.

Você foi o Inter e o Inter, você. Não se separavam, não haviam distinções. Foi um casamento que de tanto que deu certo, fez chorar no fim quando acabou. O meu coração já sente saudade, pois ele sabe bem o quanto foi espetacular ter um camisa 10 a quem confiar um time inteiro. Seus passos estão marcados no gramado do Beira-Rio para toda eternidade.

Não gostaria que saísse sem que soubesse que não faltou amor para ti. Não faltou gratidão. Aqueles que torciam pela sua saída sentirão na pele a dor do desejo concretizado e se arrependerão, pois, um ídolo igual a você não se faz todo dia. Por isso, não pense que esse era o desejo da maioria – a torcida colorada te ama de verdade.

Te agradecer por tudo parece tão pouco, mas espero que estas simples palavras demonstrem a você todo um amor gerado há oito anos atrás. Te prometo que contarei ao meu filho o quão grandioso você foi para o Inter e tudo que o fez por nós. Sem você nós não tínhamos chegado onde chegamos, sem você não seríamos tão completos como somos.

Lembro que minha mãe me disse para nunca gostar de jogadores de futebol, pois eles vêm e vão. Mas sabe por que foi inevitável gostar de você? Porque você ficou, porque você amou, porque você viveu o que eu vivi. Tu não foste um jogador de futebol como os outros, foste um ideal.

Você é gaúcho, colorado e é o ídolo da nossa geração. É alguém que nos faz crer que o amor ao futebol não é em vão. São jogadores como você que fazem o futebol ser especial.

Obrigada, Andrés, por toda dedicação. Saiba que você tem nosso respeito, nossa admiração e nossa infinita gratidão. A camisa 10 nunca mais será a mesma sem você.