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Superioridade carimbada

A ele todas as glórias. | Foto: Alexandre Lops
Levo as mãos à cabeça, me levanto, sento inúmeras vezes, rezo, grito de alegria, grito sem motivo e acabo chorando de emoção. Definir o sentimento de alma lavada é realmente difícil, mas sei que cada um de vocês entende bem, portanto é inútil explicar. Sei que meus olhos brilharam e meu coração parou por muitos pequenos instantes. O sorriso em meu rosto explica a noite emocionante e a atuação mais do que inebriante. Felicidade talvez seja o nome disso tudo.

O Inter reencontrou com o espírito da Libertadores no jogo contra o Emelec no Beira-Rio e seguiu com ele rumo a Santiago. O  colorado mostrou garra, espírito coletivo, brilhantismo e competência. Tudo isso por uma razão: Aguirre.

Era impossível desgrudar os olhos da tela da televisão. O primeiro tempo foi arrasador do início ao fim. O colorado fazia uma marcação por zona adiantada, dificultando a vida da La U em pleno estádio Nacional. Se não bastasse a pressão coletiva contra os chilenos, Nilmar resolveu fazer mais - pressionou o goleiro que se atrapalhou ao sentir o esforço plausível do camisa 7. Não ter desistido da jogada foi a melhor decisão de Nilmar na noite iluminada desta quinta-feira. O Inter abria o placar aos 9' e nenhum de nós sabia o que estaria por vir. 

Pisco os olhos por um instante e o Inter começa seu show. Jogadas trabalhadas, velocidade e muito capricho. De repente Nilmar acha Sasha e o belo passe vira gol. Um ataque tão mortal que me surpreendeu. A La U tentou se recompor das investidas sofridas, mas o colorado tinha muito fôlego. Nilmar então, nem se fala. O guri de 30 anos com cara e corpo de 20 atuou de forma brilhante, reencontrando com seu velho futebol de qualidade. Aos 35', o camisa 7 colocava mais uma bola na rede, consequência de sua persistência admirável. 3 x 0. E não parou por ai.

O lado esquerdo do adversário foi onde o Inter achou seu jogo. O time entrosado e leve, após as saídas de Fabrício, Léo, Nilton e Nico - os nomes da lentidão, jogou bonito demais. Os contra ataques fizeram meu coração palpitar. Pensei "hoje eu tenho um ataque do coração" e de fato quase tive, quando D'alessandro perdeu aquele pênalti, já no segundo tempo. Mas para o camisa 10 não é necessário redenção. Aprendi com ele que reis não se redimem. Suas atuações o permitem falhar sem que isso possa pesar em seus ombros. Sua liderança vale muito mais que um gol.

Após o pênalti perdido, o nervosismo tomou conta da equipe, mas Valdívia tratou logo de resolver a situação. Após passe de Sasha, um dos grandes destaques do jogo, o jovem meia marcou o gol, com direito a mais uma falha do goleiro chileno. A noite era mesmo do Inter.

Rodrigo Dourado e Geferson foram outros destaques na marcação. Assim como Aránguiz, que participativo, fez um bom jogo. Com os 4 x 0 garantidos, não era mais necessário esforço e Aguirre acabou tirando de D'alessandro alguns xingos e caras feias após a substituição. O camisa 10 é tão fantástico que se cobra por ter perdido um pênalti. Ora, D'ale, você realmente não precisa disso.

No fim, o colorado administrou o resultado após fazer sua lição de casa no 1º tempo e volta agora para Porto Alegre líder do grupo. Aos críticos, um grande abraço.

Porque quando falta emoção, já não é futebol. Porque quando não se sente em êxtase, já não é futebol. E quando tudo acontece, a ponto de você achar que vai explodir de alegria e apreensão, fique feliz - o Inter que amamos realmente está de volta. 

#FechadoComAguirre